16/12/2014 - 05:17

Provincial fala sobre o encerramento de sua gestão

Provincial fala sobre o encerramento de sua gestão

Em janeiro de 2015, iniciará um novo período para a Província La Salle Brasil-Chile e para a Rede La Salle. O Ir. Jardelino Menegat encerrará sua gestão como Provincial e Presidente da Rede, sendo sucedido pelo Ir. Edgar Nicodem, nomeado pelo Irmão Superior Geral a partir das sondagens ocorridas entre os Irmãos da Província. 

 

Presente na Casa Sede em Porto Alegre/RS desde 1993, Ir. Jardelino exerceu diversas funções, entre elas: integrante da Direção Provincial (1993-1995); Provincial por três mandatos, da então Província de Porto Alegre; Diretor de Gestão e Administração e Ecônomo Provincial. Participou, nos anos 2010 e 2011, da coordenação do processo de reestruturação das Províncias, o qual originou a Província La Salle Brasil-Chile. Nos últimos três anos, exerceu o cargo de Provincial e Presidente da Rede La Salle.

 

“Foi uma Província que começou apenas com um documento norteador, chamado Assembleia Constitutiva, que continha algumas contribuições, normas e prioridades para cada área. Estamos entregando a Província após três anos com mais 25 documentos norteadores que são, no fundo, planejamentos importantes, como o Plano de Formação dos Irmãos, o Plano de Formação dos Colaboradores, o Planejamento Estratégico das Instituições de Educação Superior, o Plano de Pastoral, entre outros”, afirmou Ir. Jardelino, para quem a ampliação do sentimento de pertença de Irmãos e Leigos é fundamental para que a Província continue se fortalecendo nos próximos anos.

 

A seguir, é possível conferir uma entrevista especial, na qual o Irmão Lassalista fala sobre sua gestão, sobre o Carisma Lassalista e sobre as perspectivas para a Província no quadriênio que se inicia. 


Passaram-se três anos desde a unificação das Províncias. De acordo com sua visão, quais foram as principais mudanças e avanços?

 

Ir. Jardelino – Em primeiro lugar, começar uma instituição a partir de três unidades provinciais (Porto Alegre, São Paulo e Chile) foi um trabalho que necessitou muita dedicação, sobretudo incialmente, para a questão de termos, linguagens, procedimentos e processos. Esse foi o primeiro passo para podermos começar a nossa Província La Salle Brasil-Chile. Cada uma tinha sua forma de trabalhar, de interagir, de organizar-se. Com o tempo, tivemos reuniões com a Direção Provincial, Conselho Provincial, Diretores das Comunidades Educativas, Religiosas, coordenadores de comissões provinciais, etc. Conseguimos construir, a partir disso, alguns documentos que foram balizadores para chegarmos onde hoje estamos. Esse sentido de pertença foi aumentando gradativamente à medida que fomos avançando.

 

A reestruturação ainda não está concluída. Acreditamos que levará mais sete ou oito anos para que as pessoas tenham esse sentimento de pertença ampliado. No meu modo de ver, em síntese, as pessoas acolheram bem a questão da unificação porque ela trouxe resultados positivos, indicando que somos uma mesma família, uma mesma organização, que vale a pena pertencer a uma instituição grande em tamanho, em dimensão geográfica, com grandes lideranças, e disso todos se orgulham. Orgulham-se em dizer: “Sou La Salle”, “Sou Lassalista”.

 

Como o Sr. avalia o cenário educacional de hoje no Brasil, no Chile e em Moçambique?

 

Ir. Jardelino – São três países diferentes com cenários educacionais também diferenciados. Penso que não é demérito a nenhum dos países, mas devo destacar que a educação chilena é bem posicionada em ranking de desenvolvimento internacional quando comparada ao Brasil ou a Moçambique. Porém, cada país fez sua caminhada e nós aqui do Brasil conseguimos avançar, mas ainda temos vários núcleos de educação: Sul, Sudeste, Norte, Nordeste. Todos nós estamos querendo fazer com que o aluno tenha a possibilidade de uma educação integral, que é o que nos une como educação lassalista, que forma para a vida, tanto no Chile, como em Moçambique, como aqui no Brasil.


O que esses três países tem a contribuir para a Missão Lassalista e às demais Províncias do mundo?

 

Ir. Jardelino – Cada país, com suas fortalezas ou debilidades, pode ensinar um ao outro. Talvez isso seja a riqueza que nós estamos descobrindo nessa unificação. Por exemplo, na educação brasileira há um cuidado especial para que os ambientes educativos também sejam formadores. Mas o Chile tem outra contribuição a nós, brasileiros. No ranking internacional este país está em primeiro lugar na América Latina porque lá há um cuidado muito forte para que o ensino de fato aconteça e que as pessoas estejam incluídas. Já um aspecto que Moçambique pode nos ajudar é a questão da solidariedade. Não vemos um moçambicano triste, apesar de ele estar limitado fisicamente. Vemos a alegria. Ou seja, não são as coisas materiais que trazem mais ou menos alegria. Moçambique pode nos auxiliar nesse sentido, com esse gesto de solidariedade.

 

De que modo o 45º Capítulo Geral iluminará os caminhos das Províncias nos próximos anos?

 

Ir. Jardelino – Há um caminho que certamente vai tocar muito a Província, que é o olhar para os mais necessitados. Quando dizemos “serviço educativo para e com os pobres” isso muda toda uma óptica no sentido de nós cuidarmos deles, mas estando com eles também. Não é porque há um pobre economicamente que ele não tenha riquezas, que não possa contribuir conosco. Essa é a grande importância provocada pelo Capítulo Geral. Outro aspecto que essa Assembleia nos mostrou é a questão de nos lançarmos a novas fronteiras, novas obras, novas alternativas de missão tanto para a Educação Básica quanto para a Educação Superior. Penso que isso irá nos provocar a criar obras inclusive sem a presença dos Irmãos e sem descuidar das que já temos. Dispomos de condições de irmos aumentando o serviço que estamos fazendo sem abandonar nosso olhar aos mais necessitados.

 

O que é ser Irmão de La Salle hoje?

 

Ir. Jardelino – Ser Irmão hoje é ser Irmão dos irmãos. Quando digo “irmão” não é apenas com relação aos Irmãos Lassalistas, mas ser irmão também dos alunos, dos professores, dos colaboradores, das famílias. Para mim, ser Irmão é ser gratuito, é estar a serviço das pessoas em todo lugar para onde formos enviados. Os Irmãos têm esse papel de estarem disponíveis para irem a qualquer lugar a que forem destinados.

 

Qual a lembrança ficará no coração do Sr. após sua gestão como Irmão Provincial e Presidente da Rede La Salle?

 

Ir. Jardelino – Desde 1993 estou na Casa Sede, em Porto Alegre/RS, com a interrupção dos quatro anos que passei em Manaus/AM como Diretor do La Salle Manaus e como um dos fundadores da Faculdade La Salle Manaus. Em primeiro lugar, tenho consciência de que dei o melhor daquilo que eu poderia dar para a Instituição. Estou muito seguro, pois recebi muito em termos de experiência, de conhecimento, de contato com as pessoas. Tudo isso é algo que ninguém tira de mim: onde eu for isso vai comigo. É um conhecimento que a gente vai adquirindo e que nos acompanha. Outra coisa que levo é a importância de escutar as pessoas.

 

Uma experiência que vivi recentemente e que simboliza o trabalho que nós fazemos como lassalistas foi quando visitei uma escola que fazia um trabalho sobre a evolução do homem com alunos do 6º ano. Quando eles terminaram de apresentar, eu perguntei: “Como será o homem daqui a 100 anos”? E um deles respondeu: “O homem vai ter cabeça grande, ouvido grande, olho grande e coração grande”. E questionei o porquê. “Ele vai ter cabeça grande porque ele precisa desenvolver mais o cérebro, para assimilar mais informações e conhecimento. Ouvidos grandes porque as pessoas precisam se escutar mais. Olho grande porque não basta mais olhar para si, mas para o mundo. Coração grande porque as pessoas necessitam se amar mais”. Então para mim essa resposta do aluno simboliza o trabalho que nós queremos que aconteça em todas as nossas Obras Educativas. Pessoas que saibam ouvir, que saibam ver, que saibam realmente acumular conhecimento e preparar-se para a vida. E também que sejam pessoas grandes, com coração grande, com valores, com princípios.

 

Eu diria para aqueles que leem essa entrevista que a Missão Lassalista é grande; há espaço para todos. Não precisamos competir ou disputar espaço. Há espaço para servir, espaço para amar, para doar-se tanto para ser Religioso Lassalista como para ser Educador Lassalista. E que vale a pena ser La Salle.

 

Termino o mandato não me comparando com São Paulo, mas parafraseando aquilo que ele disse: "Combati o bom combate, cumpri minha missão e guardei a fé". Não encerro minha carreira. Acho que ainda posso contribuir muito com a próxima missão que me está sendo solicitada. Sempre fui uma pessoa que não deixou de aceitar os desafios. Desafios para mim são para aprendizagem.

 

 

 

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